Já não havia indícios de luz natural cá fora, apenas um conjunto de candeeiros de rua antigos iluminavam e, arduamente, aqueciam o frio que se tinha instalado. Era Inverno, Alice procurava desenfreadamente pelo seu telemóvel, como o fazia sempre que chegava a casa, na esperança de que alguma coisa, naquele aparelho insensível, indicasse com certeza o que poderia acontecer, assim que entrasse na porta velha de ferro. E, em silêncio permaneceu o instrumento tecnológico, sem nada que fosse importante de se mostrar, voltou para o seu sítio inicial. Com medo, Alice entrou em casa.
Esperava-lhe um ambiente falso, mas quente – “Vá lá que ao menos está quente cá dentro” – pensou. “Menos mau”, e continuou na sua forma desconfortável de todos os dias pousar a sua mochila e cumprimentar os seus pais. De facto, o seu irmão era a única pessoa com quem se sentia estranhamente confortável, dada a sua semelhança incandescente que ele tinha com o seu pai, mas este de forma muito mais infantil, era suportável. Sentava-se no quarto, na ânsia de possuir um pensamento diferente do que o que lhe era habitual apercebe-se de que não tem nada melhor para fazer, o prazer que sentia nas coisas tinha desaparecido. Nem mesmo tentar acções que lhe faziam feliz, lhe davam satisfação. Estava doente. Não obstante, prosseguiu no seu mar das coisas, afinal o pior já tinha passado e não queria voltar a pisar o caminho dos fracos.
Abriu o “Processo”, e, não lendo, imaginou a leitura à sua maneira:
Tio do josef k: Mas meu sobrinho, com um processo desses como podes reagir dessa forma??!
Josef K: De que outra forma poderia reagir, meu tio? Fui apanhado de surpresa, e, sabendo que nada tenho a ver com isto, continuo neste mar das coisas, rio-me para dentro, mas vou com eles, não me apetece reivindicar uma coisa com gente que não pensa como eu e que não vai lá por mais palavras que discutamos, de que me adianta? Eles têm mais poder do que nós. Vou esgotar-me?! Não, vou viver-me...para dentro, na minha própria liberdade.
Subitamente, Alice soltou um sorriso. Josef K. sabia exactamente o que ela pensava, ele compreendia-a.
Esperava-lhe um ambiente falso, mas quente – “Vá lá que ao menos está quente cá dentro” – pensou. “Menos mau”, e continuou na sua forma desconfortável de todos os dias pousar a sua mochila e cumprimentar os seus pais. De facto, o seu irmão era a única pessoa com quem se sentia estranhamente confortável, dada a sua semelhança incandescente que ele tinha com o seu pai, mas este de forma muito mais infantil, era suportável. Sentava-se no quarto, na ânsia de possuir um pensamento diferente do que o que lhe era habitual apercebe-se de que não tem nada melhor para fazer, o prazer que sentia nas coisas tinha desaparecido. Nem mesmo tentar acções que lhe faziam feliz, lhe davam satisfação. Estava doente. Não obstante, prosseguiu no seu mar das coisas, afinal o pior já tinha passado e não queria voltar a pisar o caminho dos fracos.
Abriu o “Processo”, e, não lendo, imaginou a leitura à sua maneira:
Tio do josef k: Mas meu sobrinho, com um processo desses como podes reagir dessa forma??!
Josef K: De que outra forma poderia reagir, meu tio? Fui apanhado de surpresa, e, sabendo que nada tenho a ver com isto, continuo neste mar das coisas, rio-me para dentro, mas vou com eles, não me apetece reivindicar uma coisa com gente que não pensa como eu e que não vai lá por mais palavras que discutamos, de que me adianta? Eles têm mais poder do que nós. Vou esgotar-me?! Não, vou viver-me...para dentro, na minha própria liberdade.
Subitamente, Alice soltou um sorriso. Josef K. sabia exactamente o que ela pensava, ele compreendia-a.