domingo, 3 de julho de 2011

Só para lembrar que fui um quadro, num dia qualquer.

Os lençóis dançavam por cima dos nossos corpos, nós não reparámos, estávamos demasiado ocupados com o imaterialismo para o qual os nossos corpos trabalhavam forçosamente, não reparámos em nada, era tudo o que havia para dizer daquilo que fazíamos. Se outros olhos vissem, não teriam visto mais nada do que dois corpos a divertirem-se, a tentarem rebuscar algo e rabiscar no quadro, porque teríamos dado um quadro, um belo quadro por cima de qualquer cama, do qual pudessem traçar dois riscos para indicar outros corpos mais abaixo, outros corpos quaisquer de outra cama qualquer. O problema disto tudo, é que esta simplicidade intratável, porque é uníssona, leva-me ao céu. E depois, tudo parece dançar à minha volta. Nenhum problema acerca do realismo me preocupa senão aqueles que tenho que estudar. Sou feliz contigo e tenho nisso o meu maior realismo de sempre, seja ingénuo, seja meu. Seja tudo o que ele quiser, eu quero amar-te e, por isso, amo-te. Não pode ser vontade, não aquela universalizada, só pode ser a minha, que é muito mais importante que qualquer outra, sou sincera. Nada mais me aflige.